
Seria mentira dizer que
Sou aceita e querida por todos
Tenho certeza que
Deve haver uma razão
Sinto dentro de mim que
Não sinto amor
Nem me atrevo a afirmar que
Acredito que os colegas de classe me querem bem
Sinto a cada dia que passa que
Nunca tive um lugar na minha família
Não ousaria dizer que
Sou boazinha
Preciso dizer a verdade!
Todos pensam que represento apenas a maldade...
Agora leia o poema de baixo para cima e perceba o contraste de tais afirmações. Após a leitura, veja a conclusão na seqüência.
Este poema foi inspirado no estilo de escrita de Cecília Meirelles.
Os poetas podem expressar a partir da arte o duplo sentido que as palavras podem conter.
Constantemente, nos denunciamos a partir de atos que nos desmentem, os chistes e atos falhos são exemplos que presentificam conteúdos inconscientes.
Ou mesmo gestos que fazem menção a outra coisa, apesar de dizermos conscientemente justamente o contrário.
Sabemos que o amor esta atrelado ao ódio.
O bom contém em parte, o ruim.
Só sabemos que a vida pode ser doce, se em algum momento experimentamos o amargo.
Não há prazer sem sofrimento.
Nem mesmo crescimento sem dor ou luto do que já se foi.
A criança tida como malvada, pode estar fazendo um pedido de afeto.
Enquanto aquela que é tida como boa, pode estar se auto-agredindo a medida que nega seu próprio desejo.
As polaridades exacerbadas tendem a chamar atenção.
Nem tão bom, nem tão mal.
Precisamos da agressividade, muitas vezes interpretada como maldade, para se auto-afirmar, competir, ir de encontro aos ideais.
Ninguém disse que seria uma tarefa simples encontrar-se com o desejo.
A bondade excessiva também é preocupante, pois nos deparamos com pequenos sujeitos que já não se dão o direito de se deixar levar pelo princípio do prazer, tamanha a severidade do supereu, aquela voz interna severa que não se permite desejar.
O princípio do prazer é tão essencial aos seres humanos quanto o princípio da realidade.
Não se trata de fazer uma exaltação ao comportamento perverso, tão pouco a permissividade.
Mas que a bondade e maldade possam se representar na justa medida.
Portanto, que cada um de nós saiba se encontrar com a criança boa e má que nos habita, sempre que necessário.
Um comentário:
Carol
eu achei tão lindo ouvir tu lendo esse poema muito fofo que criou!
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